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sábado, março 25, 2006

Lisboa aos saltos

Há uns tempos que não andava nos autocarros amarelos da Carris. Ontem, tive como vizinhos de viagem, entre Entre-campos e São Bento, uma família de norte-americanos, que devia ir até Belém. Pelo caminho não teriam nada para ver, pensei, esquecendo-me que também eu olho para todos os pormenores quando estou num sítio novo e escapa-me muita da "paisagem" que me rodeia todos os dias.
Primeiro, uma das miúdas estava toda excitada. Por causa dos buracos e da velocidade, o autocarro não parava de dar pulos: «o condutor é maluco», dizia baixinho para a irmã. A mãe, com uns olhos atentos por detrás de uns pequenos óculos, lia o seu dicionário de inglês-português e não parava de testar o seu esquisito «ooooobbrigado». E olhava para todos os lados, com um ar espantado. «Eles também têm uma vaca... temos de tirar uma foto!!!», dizia para o marido, apontando para um exemplar da Cowparade a realizar em breve em Lisboa.
Durante todo o caminho, homem e mulher não paravam de olhar e apontar para prédios com fachadas bonitas, em que eu próprio nunca tinha reparado. Depois de tanta boca aberta, estava convencido que iam gostar do interessante edifício da Assembleia da República. Errado. Nem viram: estavam a olhar para o outro lado da rua.