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terça-feira, novembro 13, 2007

(2)

Para onde se vai quando não se tem destino? A pergunta ecoava na sua cabeça, sem resposta definida.
Entrou no carro que conduzia todos os dias, mas desta vez sem seguir o caminho que estava habituado a trilhar durante os últimos anos em que se lembra de ser gente.
Decidiu ir sempre em frente. Mas nem sempre os cruzamentos têm essa opção disponível. À primeira contrariedade, virou para o lado onde tinha o relógio no pulso.
Como o sentido dos ponteiros do relógio, optou por virar sucessivamente à esquerda, ir depois em frente e cruzar a seguir à direita.
Passou cruzamentos com ou sem sinais luminosos... pontes... viadutos... estradas curtas... auto-estradas... caminhos de terra batida.
Do bairro de prédios altos onde vivia, acabou às voltas. Da cidade foi parar perto do mar, para logo a seguir chegar ao campo e regressar aos prédios que, se não conhecia, eram muito parecidos com os que já lhe eram familiares.
O depósito quase cheio ficou rapidamente vazio. Os pneus rodaram 328 quilómetros.
Sem gasolina, o carro parou. No meio do escuro. No meio do que parecia ser o nada.