mp

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Alegre vs Cavaco, o debate?

Entrevistas: Os canais de televisão chamam àquilo "debates". Mas os candidatos não se podem interromper e têm o tempo controlado ao segundo. As emoções e espontaneadade de outros tempos perderam-se. Sobram duas entrevistas, paralelas, em que, pergunta sim, pergunta não, o político responde a algo que muitas vezes nada tem a ver com o que foi questionado ao entrevistado do lado. Sobram as replicas quando algum deles se digna a contestar o que o vizinho disse. No meio de tantas regras e cuidados, dificilmente alguém sai vencedor. O Alegre vs Cavaco não foi excepção. Ganhou Cavaco, que está na pole-position com 40% de avanço. Alegre contenta-se com a segunda posição. Esperemos para ver se os irreverentes Soares, Jerónimo ou Louçã se libertam da ditadura dos debates.

Consensos - Cavaco e Soares. Um de direita, outro de esquerda. Um economista, outro poeta. Na essência, pelo debate de hoje, as diferenças não parecem ser muitas. As que existiram foram mínimas e estiveram sobretudo no estilo. O professor diz que não vê só números. Mas a conversa escorrega-lhe sempre para as finanças e economia. O escritor traz temas para a campanha pouco comuns em Portugal: mulheres e uma estranha palavra Pátria. Ambos, à esquerda e à direita, fogem dos partidos como o diabo da cruz.

Sampaio - Talvez por ainda ser o Presidente de todos os portugueses, bem visto nas sondagens (ao contrário dos partidos), dificilmente algum candidato diz «não» a uma decisão de Jorge Sampaio. Perante as perguntas sobre se agiria como o actual chefe de Estado, Cavaco diz que sim (a nomeação de Santana Lopes para primeiro-ministro) ou foge à questão (dissolução do Parlamento e GNR no Iraque). Alegre, que até é socialista e nunca perdeu uma eleição presidencial para Sampaio, ainda discorda da intervenção no Médio Oriente.