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terça-feira, janeiro 17, 2006

Finlândia e Portugal

Dentro de seis dias há eleições em Portugal. Cerca de cinco milhões devem sair de casa para eleger um novo Presidente.
Há dois dias, houve eleições na Finlândia. Também aí, os eleitores andam a tentar escolher um chefe de Estado. A candidata (sim, uma mulher) que tenta a reeleição, tinha uma grande vantagem nas sondagens, mas não teve mais de 50 por cento dos votos e terá de disputar uma segunda volta dentro de 15 dias, sendo apontada como a grande favorita à vitória.
Apesar de estarem em pontas diferentes da Europa, não apenas geograficamente como em desenvolvimento socio-económico, a Finlândia tem um dos regimes políticos mais parecidos com o português – talvez o mais semelhante mesmo. Também ali há um Presidente eleito directamente, que convive com um primeiro-ministro e um Governo escolhido nas legislativas.
Com o tempo e as revisões constitucionais, também o chefe de Estado finlandês foi perdendo poder. Hoje, terá tanto ou talvez menos do que o seu homologo português. Pode vetar leis, por exemplo, mas não pode dissolver o Parlamento. O político mais influente do país é hoje o primeiro-ministro. O Presidente é visto como um líder simbólico.
No entanto, também no país do Pai Natal a eleição presidencial tem sido bastante movimentada. Um relato do que se tem passado por aqueles lados do mundo pode ser lido aqui.
Sete dos oito candidatos foram nomeados pelos partidos finlandeses, mas estes desempenham um papel secundário. E os eleitores sabem que, apesar de o Presidente não ter poder para alterar as suas vidas, as eleições são directas e podem exercer uma muito maior influência nas presidenciais do que nas legislativas.
Também na Finlândia houve debates televisivos considerados «cruciais» pelos analistas, acções organizadas por cada candidato à volta do país e livros/biografias lançadas pelos próprios. A campanha arrasta-se desde a Primavera, mas os temas de debate também por ali são poucos, centrando-se nas qualidades dos candidatos. Os poderes do Presidente e o seu papel na política externa, terá sido o assunto mais quente.
Ao contrário da eleição de Cavaco Silva, a provável reeleição de Tarja Halonen (a actual Presidente) suscitou alguma atenção internacional. Nomeadamente do talk-show americano de Conan O’Brien, que depois de mostrar no programa uma foto da chefe de Estado finlandesa para mostrar as semelhanças que os uniam, manifestou o seu apoio à eleição da «simpática» advogada que se casou quando já morava no palácio presidencial.
Apesar das semelhanças entre os regimes português e finlandês, há um ponto em que as eleições presidenciais dos dois países se distinguem claramente: a idade dos candidatos.

Finlândia
Tarja Halonen - 62
Matti Vanhanen - 50
Sauli Niinistö - 57
Média - 56,3

Portugal
Manuel Alegre - 69
Mário Soares - 81
Cavaco Silva - 66
Média - 72,0

Nenhum dos três principais candidatos à presidência finlandesa – nem a recandidata Tarja Halonen –, se aproxima da idade de algum dos presidencializáveis portugueses.
Não estou a dizer que a classe política nacional é velha (se olharmos para o Governo, não é) ou que isso seja importante para o seu desempenho. Apenas constato que a eleição presidencial portuguesa tem algo de estranho.


(Catedral luterana de Helsinquia. Foto tirada em Outubro passado. Mais informações sobre a Finlândia neste blog aqui.)

4 Comments:

Blogger ANTONIO MELÃO said...

Amigo Guedes, cá estou eu a poluir o ambiente. Reparei que não meteu o Louça e o Garcia para não lhe estragar a média...
Grande abraço,
CM

12:17 da tarde  
Blogger NG said...

A explicação é simples: apenas coloquei os candidatos principais, com hipóteses viáveis de ganhar as eleições. Também na Finlândia se apresentaram mais do que aqueles três candidatos às eleições.

12:54 da tarde  
Blogger NG said...

Como sou um tipo chato, aqui fica a média com todos os candidatos portugueses e finlandeses, mesmo aqueles que tiveram ou vão ter 1 por cento dos votos:

Finlândia: 54,6
Portugal: 62,7

1:32 da tarde  
Blogger ANTONIO MELÃO said...

Sempre ficou mais equilibrado... he he he
Somos um país de velhos do Restelo tá visto.
abraço,
CM

6:49 da tarde  

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