Sofia: Estranhas mulheres bonitas. Mais uma cidade.
Surppreendidos com a beleza feminina búlgara, dois portugueses andam às voltas pela capital de um país de que até aí só conheciam nomes como Balakov ou Stoichkov. À entrada da maior loja da PT local, um homem, com aspecto de gerente de um banco, pergunta as horas. Resposta rápida, afastamento rápido.
Dentro do edifício, no meio de filas para pagar contas do telefone ou Internet, o “gerente bancário” volta atrás. Sem pudores, entrega um cartão: «Serviço de qualidade», garante.
Bucareste: Mini-Paris, cheia de nadias comanecis.
Belgrado: A guerra aérea da NATO.
Fui à missa em Belgrado. Todas as cidades europeias têm pelo menos uma catedral e muitas igrejas. Católicas, ortodoxas ou protestantes. Umas vezes misturam-se, outras não coexistem. De visita à milionésima catedral da minha conta pessoal, deparo-me com uma cerimónia ortodoxa. «Porque não?»
Animada como só tinha visto na igreja Maná, do genial Jorge Tadeu, já uma vez tinha assistido a uma missa luterana na Noruega. A ortodoxa seria uma nova experiência.
As comparações com a igreja católica são inevitáveis. Em primeiro lugar, uma constatação fácil, mas que nunca tinha visto num acto litúrgico: as igrejas ortodoxas não têm bancos. Com alguma resistência física, estão todos de pé. Talvez por isso (ou não…), a audiência é pouca, mas relativamente jovem, face às idades nas igrejas portuguesas.
Calado e sentindo olhares de suspeição – numa terra sérvia de gigantes onde sou quase um anão –, reparo que as mulheres estão de um lado e os homens do outro. Ainda mais monótona que as missas católicas a que assisti em Portugal, as rezas e cânticos repetem-se. De costas, o padre principal está virado para aquilo que devia ser um altar mas não passa de uma porta ornamentada. Solenemente, desaparece durante vastos períodos de tempo, deixando os restantes homens de batina a cantar.
De cabeça sempre para baixo, o sinal da cruz é feito repetidas vezes pelos fiéis, sem sons a sair da sua boca, e, muitas das vezes, com um estranho gesto final que apenas tinha visto nas aulas de ginástica: sem flectir as pernas, a mão direita desce até tocar na ponta do pé direito.
Zagreb: Capital. Perdido no tempo.
Nunca antes tinha sido abordado numa conversa típica de engate.
«Vou para onde? Faço o quê», penso eu, parado numa qualquer rua de Zagreb. «Turista?», perguntam-me sem aviso, num tom demasiado afável. «Que raio me querem agora vender… um almoço no restaurante da esquina ou uma dormida no hotel do canto?», estranhei, numa cidade onde nem na estação me vieram oferecer serviços turísticos.
- «Yes», digo eu.
- «From where»
- «Portugal», respondo.
- «Vais dormir aqui?»
- «Não sei.»
- «Tens tempo para beber qualquer coisa comigo?»
- «Não», respondo de imediato.
Conclusão: duas semanas sem fazer a barba dão-me ar de paneleiro.
PS. O autor de todas estas perguntas era um velho de mais de 60 anos.
Surppreendidos com a beleza feminina búlgara, dois portugueses andam às voltas pela capital de um país de que até aí só conheciam nomes como Balakov ou Stoichkov. À entrada da maior loja da PT local, um homem, com aspecto de gerente de um banco, pergunta as horas. Resposta rápida, afastamento rápido.
Dentro do edifício, no meio de filas para pagar contas do telefone ou Internet, o “gerente bancário” volta atrás. Sem pudores, entrega um cartão: «Serviço de qualidade», garante.
Bucareste: Mini-Paris, cheia de nadias comanecis.
Belgrado: A guerra aérea da NATO.
Fui à missa em Belgrado. Todas as cidades europeias têm pelo menos uma catedral e muitas igrejas. Católicas, ortodoxas ou protestantes. Umas vezes misturam-se, outras não coexistem. De visita à milionésima catedral da minha conta pessoal, deparo-me com uma cerimónia ortodoxa. «Porque não?»
Animada como só tinha visto na igreja Maná, do genial Jorge Tadeu, já uma vez tinha assistido a uma missa luterana na Noruega. A ortodoxa seria uma nova experiência.
As comparações com a igreja católica são inevitáveis. Em primeiro lugar, uma constatação fácil, mas que nunca tinha visto num acto litúrgico: as igrejas ortodoxas não têm bancos. Com alguma resistência física, estão todos de pé. Talvez por isso (ou não…), a audiência é pouca, mas relativamente jovem, face às idades nas igrejas portuguesas.
Calado e sentindo olhares de suspeição – numa terra sérvia de gigantes onde sou quase um anão –, reparo que as mulheres estão de um lado e os homens do outro. Ainda mais monótona que as missas católicas a que assisti em Portugal, as rezas e cânticos repetem-se. De costas, o padre principal está virado para aquilo que devia ser um altar mas não passa de uma porta ornamentada. Solenemente, desaparece durante vastos períodos de tempo, deixando os restantes homens de batina a cantar.
De cabeça sempre para baixo, o sinal da cruz é feito repetidas vezes pelos fiéis, sem sons a sair da sua boca, e, muitas das vezes, com um estranho gesto final que apenas tinha visto nas aulas de ginástica: sem flectir as pernas, a mão direita desce até tocar na ponta do pé direito.
Zagreb: Capital. Perdido no tempo.
Nunca antes tinha sido abordado numa conversa típica de engate.
«Vou para onde? Faço o quê», penso eu, parado numa qualquer rua de Zagreb. «Turista?», perguntam-me sem aviso, num tom demasiado afável. «Que raio me querem agora vender… um almoço no restaurante da esquina ou uma dormida no hotel do canto?», estranhei, numa cidade onde nem na estação me vieram oferecer serviços turísticos.
- «Yes», digo eu.
- «From where»
- «Portugal», respondo.
- «Vais dormir aqui?»
- «Não sei.»
- «Tens tempo para beber qualquer coisa comigo?»
- «Não», respondo de imediato.
Conclusão: duas semanas sem fazer a barba dão-me ar de paneleiro.
PS. O autor de todas estas perguntas era um velho de mais de 60 anos.
Etiquetas: fotografia, Leste europeu, viagens
1 Comments:
Conclusao deprimente!! Boa historia, essa!!
E ganda viagem
Enviar um comentário
<< Home