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domingo, setembro 10, 2006

Turquia

Um mês sem pegar numa tesoura traz destas coisas: enterrando-se na carne, uma unha de um dos dedos grandes dos pés estava encravada. Sem corta-unhas à mão, num comboio cheio no meio da Turquia, pego na navalha multi-funções (não Suiça, mas à Mcgyver) e saco da micro-tesoura – difícil de usar, mas a única que tenho.
No banco do outro lado do corredor, um senhor gordo, com mais de 60 anos, de cabelo e bigode cinzentos, aponta para mim e começa a protestar. “Ops, fiz merda e lá se vai a hospitalidade turca”, pensei…
Mas a javardice que poderia ser para muitos estar a cortar uma unha do pé num comboio, não era o principal ponto de discórdia do homem, já certamente avô, que horas antes tinha visto de chapéu islâmico na cabeça. Num turco incompreensível, mas com muitos gestos pelo meio, percebi: estava a cortar a unha mal. Com gestos rápidos, descalçou-se e exemplificou com o seu pé. Com a mão, fez o gesto certo. Estava a enterrar demais a tesoura nos cantos, num conselho dado há muito pela minha mãe.
Tentei explicar que não tinha outra hipótese, pois o erro vinha de trás e por defeito técnico meu (de cortes anteriores) a unha encravava-se e doía. Sem turco suficiente para tanta explicação e só gestos, desisti. Agradeci e parei, para não ferir a geral simpatia de um povo que em quase nada se aproxima do estereótipo dos feios, porcos e maus.

Istambul: Ocidente-Oriente.

































Capadócia, Goreme: Arte monumental natural. Muito suor.




































Ankara: Capital no meio da Anatólia. Ataturk, 70 anos depois.

Pamukkale: “Algodão” duro e molhado.












































A pequenez de Portugal só se percebe quando estamos fora. Quando nos dizem que somos os primeiros portugueses a aparecer por ali ou perguntam: «Onde é isso?». Há países mais pequenos, mas o nosso país não é grande. É pequeno. Em tamanho e em notoriedade internacional. Não temos guerras. Às vezes temos fogos. Noutras, organizamos eventos.
Dificilmente acreditrava que um país podia ser sinónimo de um homem. Nos sítios onde se adora futebol, Portugal é sinónimo de Figo. Podem não saber onde fica este rectângulo, que língua fala ou que não faz parte de Espanha. Talvez pela simplicidade do nome, além das capacidades futebolísticas, Figo é o nome que quase sempre se segue a Portugal. EM Nápoles, no coração de Itália. Na Grécia. Por dúzias de turcos. Por um pica ou uma velhota búlgara.

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1 Comments:

Blogger El-Gee said...

Ja andei a viajar por alguns sitios, e de todos os continentes so nao fui a Oceania, e em cerca de 10 anos de viagens, desde hoteis de luxo ate hostels com baratas, da Tanzania ao Nepal, de Marrocos ao Peru, de NY a Lhasa, nao encontrei mais do que cinco tugas a viajar (excepto no Rio de Janeiro).

Por isso, compreendo perfeitamente o que dizes. E tambem acho piada à verdadeira importancia que têm os jogadores da bola, que sao os reais embaixadores de um pais, junto dos povos de todo o Mundo.

10:14 da manhã  

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