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quinta-feira, setembro 14, 2006

Sem sangue falso e com uma bola nos pés

Gosto de wrestling. Sei que aquilo é uma fantochada, viciada à partida, mas aceito as regras do jogo e acho piada ver dois bacanos a darem (ou fazerem que dão) cabo do focinho um do outro. São os meus Morangos com Açúcar ou a minha Floribela.
Também gosto de futebol. E sempre achei os protestos dos adeptos contra os árbitros um exagero, apenas compreensível à luz da paixão que levanta um desporto tão imprevisível e pouco racional, em que a bola gira para qualquer lado e em que o mais fácil é culpar o homem do apito em vez da sorte ou o azar.
Os últimos dias têm destruído esta ideia. Todos os dias leio provas novas – escutas que parecem indesmentíveis e que nascem como cogumelos. A meio, uma novidade, não escrita nas leis da bola e confirmada por um dirigente desportivo: é comum escolher árbitros entre equipas para jogos da Taça. Quatro em cada cinco dos principais juízes do futebol português são suspeitos de terem feito favores a clubes – sem sangue falso ou acrobacias espectaculares. Ninguém é acusado e a lei que poderia, numa hipótese muita remota, punir alguém por enganar alguns milhões de portugueses que gostam de bola, arrisca-se a não servir para nada, por razões formais que nunca antes se questionaram em 15 anos de existência.
A FIFA entretém-se a ameaçar Portugal de exclusão das competições europeias porque um atleta amador jogou como profissional.