Água
Depois de um dia a ver a paisagem verde a branca Suiça, faltava-me um dia para voltar a Portugal. Apanhava o comboio do dia seguinte em Paris às 16 horas ou estava às 22 horas em Irún, já em Espanha, perto da fronteira gaulesa. Sobravam-me 24 horas para tentar ver algo.
Versalhes era a hipótese mais forte no caso de ir para Paris. A enorme dimensão do palácio levou-me a adiar a visita para outra altura. Peguei no mapa, olhei para as cidades perto dos Pirinéus e tentei encontrar algo que me dissesse algo. Encontrei Carcassone e Lourdes.
Às sete da manhã do meu último dia de viagem, estava na primeira cidade. A localidade é pequena e a atracção principal vê-se rapidamente. A chuva que pela terceira vez num mês voltou a molhar-me, acelerou o passo.
Todos os grandes países católicos têm o seu grande centro de peregrinação. Portugal tem a Nossa Senhora de Fátima. Na Polónia venera-se a Virgem Negra de Czestochowa. Em Itália caminha-se até ao Vaticano. Em França as peregrinações vão dar a Lourdes.
Já conhecia Fátima. Há três anos, tinha sido barrado à porta da Capela Sistina no Vaticano. O motivo foi falta de roupa. Não estava nu, apenas de calções e com uma t-shirt sem mangas num dia de Agosto com muitos graus na capital italiana. A Santa polaca nunca passou pelas minhas prioridades num país que tem muito mais para ver. Porque não conhecer agora Lourdes? Aproveitava, e comprava as “micro-prendas” da praxe para a gente cá de casa, que gosta destas coisas de santos.
Não sou católico, nem me preocupo em saber se há ou não Deus – apesar de me inclinar para a resposta negativa. Se ele existir, não será vela a mais ou a menos que me irá salvar das chamas (que até devem ser quentinhas) do Inferno. Apenas olho para o fenómeno do ponto de vista sociológico.
Já estava à espera de encontrar em Lourdes algo parecido com Fátima. As histórias são muito semelhantes e têm quase 60 anos de história a separá-las. Se em Portugal a Virgem Maria apareceu a três pastorinhos, em França foi apenas uma a guia de ovelhas escolhida. Todos acabaram por ser considerados santos. Tal como Lúcia, em vida também Bernadete, a pastora gaulesa, seria freira.
No caminho para o santuário, a terceira comparação. Tal como em Fátima, a cidade parece um centro comercial. Em cada prédio, um hotel. As lojas de recordações ou outros produtos menos católicos enchem as ruas.
Comecei a procurar algo para oferecer lá em casa. Depois de ver pequenos frascos de vidro vazios à venda que pensava serem para pôr perfume, comecei a estranhar ver frascos de plástico com a forma da Santa e até garrafões de cinco ou mais litros com a sua imagem.
Mentalmente, fiz um mais um igual a dois, e lembrei-me que a Virgem de Lourdes tinha aparecido numa gruta. Estamos quase no meio dos Pirinéus e ao lado existe um rio. “O santuário deve ter alguma fonte de água santa”, pensei.
“Eau de Lourdes, garantie d`origine”, confirmou-me depois um dos pequenos frascos que encontrei (vazio) numa das lojas da especialidade. Comparei preços e acabei por fazer as compras para levar para casa – três frasquinhos de vidro para encher na fonte santa e umas pastilhas de essências naturais com Lourdes escrito – no maior supermercado de coisas santas da cidade. Ao meu lado na caixa estava uma freira com um cesto cheio de garrafas de plásticos com a forma da Virgem de Lourdes.
A organização do Santuário é muito parecida com a de Fátima. Também há espaço para as velas, que supostamente prolongam a oração dos fiéis, mas todas têm a tradicional forma cilíndrica, sem a diversidade de formas corporais encontrada no santuário português. O ponto forte de Lourdes está na água. Ao lado da basílica, um corredor de torneiras com a inscrição “Água da gruta”. Com pequenos frascos, garrafas de plástico, garrafões de água ou vinho e até termos, tudo serve para beber ou levar o precioso líquido para casa. O banho nos balneários ao lado também é uma opção.
Versalhes era a hipótese mais forte no caso de ir para Paris. A enorme dimensão do palácio levou-me a adiar a visita para outra altura. Peguei no mapa, olhei para as cidades perto dos Pirinéus e tentei encontrar algo que me dissesse algo. Encontrei Carcassone e Lourdes.
Às sete da manhã do meu último dia de viagem, estava na primeira cidade. A localidade é pequena e a atracção principal vê-se rapidamente. A chuva que pela terceira vez num mês voltou a molhar-me, acelerou o passo.
Todos os grandes países católicos têm o seu grande centro de peregrinação. Portugal tem a Nossa Senhora de Fátima. Na Polónia venera-se a Virgem Negra de Czestochowa. Em Itália caminha-se até ao Vaticano. Em França as peregrinações vão dar a Lourdes.
Já conhecia Fátima. Há três anos, tinha sido barrado à porta da Capela Sistina no Vaticano. O motivo foi falta de roupa. Não estava nu, apenas de calções e com uma t-shirt sem mangas num dia de Agosto com muitos graus na capital italiana. A Santa polaca nunca passou pelas minhas prioridades num país que tem muito mais para ver. Porque não conhecer agora Lourdes? Aproveitava, e comprava as “micro-prendas” da praxe para a gente cá de casa, que gosta destas coisas de santos.
Não sou católico, nem me preocupo em saber se há ou não Deus – apesar de me inclinar para a resposta negativa. Se ele existir, não será vela a mais ou a menos que me irá salvar das chamas (que até devem ser quentinhas) do Inferno. Apenas olho para o fenómeno do ponto de vista sociológico.
Já estava à espera de encontrar em Lourdes algo parecido com Fátima. As histórias são muito semelhantes e têm quase 60 anos de história a separá-las. Se em Portugal a Virgem Maria apareceu a três pastorinhos, em França foi apenas uma a guia de ovelhas escolhida. Todos acabaram por ser considerados santos. Tal como Lúcia, em vida também Bernadete, a pastora gaulesa, seria freira.
No caminho para o santuário, a terceira comparação. Tal como em Fátima, a cidade parece um centro comercial. Em cada prédio, um hotel. As lojas de recordações ou outros produtos menos católicos enchem as ruas.
Comecei a procurar algo para oferecer lá em casa. Depois de ver pequenos frascos de vidro vazios à venda que pensava serem para pôr perfume, comecei a estranhar ver frascos de plástico com a forma da Santa e até garrafões de cinco ou mais litros com a sua imagem.
Mentalmente, fiz um mais um igual a dois, e lembrei-me que a Virgem de Lourdes tinha aparecido numa gruta. Estamos quase no meio dos Pirinéus e ao lado existe um rio. “O santuário deve ter alguma fonte de água santa”, pensei.
“Eau de Lourdes, garantie d`origine”, confirmou-me depois um dos pequenos frascos que encontrei (vazio) numa das lojas da especialidade. Comparei preços e acabei por fazer as compras para levar para casa – três frasquinhos de vidro para encher na fonte santa e umas pastilhas de essências naturais com Lourdes escrito – no maior supermercado de coisas santas da cidade. Ao meu lado na caixa estava uma freira com um cesto cheio de garrafas de plásticos com a forma da Virgem de Lourdes.
A organização do Santuário é muito parecida com a de Fátima. Também há espaço para as velas, que supostamente prolongam a oração dos fiéis, mas todas têm a tradicional forma cilíndrica, sem a diversidade de formas corporais encontrada no santuário português. O ponto forte de Lourdes está na água. Ao lado da basílica, um corredor de torneiras com a inscrição “Água da gruta”. Com pequenos frascos, garrafas de plástico, garrafões de água ou vinho e até termos, tudo serve para beber ou levar o precioso líquido para casa. O banho nos balneários ao lado também é uma opção.
Etiquetas: fotografia, viagens
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