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quarta-feira, março 25, 2009

Perguntas do dia

Quantos sabem o que faz o Provedor de Justiça? O cargo vale tanta discussão? Teimosias?

segunda-feira, março 23, 2009

Tejo

A foto está longe de ser perfeita, mas dentro de um pequeno kayak, mesmo às portas de Lisboa, é difícil melhor.

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quarta-feira, março 18, 2009

Jornalismos

Ser jornalista é quase sempre um trabalho sem frutos palpáveis. Inútil na maioria dos dias. Quem sai da escola e chega a uma redacção com vontade de mudar o mundo e fazer grandes reportagens, rapidamente percebe que escolheu o caminho errado.
O jornalista é um grande seleccionador de factos, sejam eles coisas que acontecem ou opiniões de outros, que encaixa quase sempre em espaços muito pequenos de papel ou tempo. Os juízos pessoais são tabu. Até posso achar que o político x é evidentemente para todos uma besta e que a medida y é estapafúrdia, mas não posso dizê-lo.

Há poucos dias usei a ferramenta básica da profissão. Coloquei uma questão: porque são raríssimas as instituições sociais, religiosas ou humanitárias que aderem ao sistema que lhes permite receber uma doação de 0,5% do IRS dos contribuintes? Não faz sentido.
Ao fim de alguns telefonemas concluí que as finanças levavam as instituições a escolher entre essas doações do IRS ou o reembolso do IVA, com um conhecido fiscalista a contestar a legalidade da medida. Era assim desde 2002, mas parece que ninguém se queixava.
Sem grande impacto (já fiz coisas supostamente mais relevantes para os complexos parâmetros mediáticos), a notícia saiu. Como tantas outras, foi para o ar e durante umas horas andou pelas antenas da rádio, até esgotar o natural prazo de validade.
Hoje, o governo decidiu alterar a lei. Se cumprir a promessa, e independentemente da minha opinião sobre o assunto (como já perceberam, não conta...), daqui a umas décadas vou poder dizer aos meus netos que acredito que foi devido a uma simples pergunta minha que instituições que supostamente tentam ajudar outros passaram a receber mais uns milhões de euros do Estado.

Chamem-me convencido (admito), mas hoje sinto-me importante. Dá gozo influenciar o chamado “poder”, é verdade, mas isso é completamente secundário: penso que ajudei alguém e não é todos os dias que sinto isso quando estou a trabalhar. A última vez foi há seis ou sete anos, depois de fazer uma reportagem num bairro municipal de Lisboa sobre problemas antigos nos esgotos. No dia seguinte ligaram-me a agradecer: os técnicos da câmara já tinham resolvido o problema.
Às vezes, vale a pena ser jornalista.

segunda-feira, março 16, 2009

Um retrato da comunicação social

Conheci o João Mesquita na extinta A Capital. Durante um a dois anos trabalhámos na mesma redacção, mas falávamos raramente. Mais tarde, passou a ser meu editor, cargo que só aceitou com a condição de o jornal regularizar a situação precária dos jornalistas da editoria. Não chegou a aquecer o lugar (um mês no cargo) e nesse pouco tempo conheci alguém rigoroso e que percebia imenso de jornalismo, com conselhos úteis e quase professorais na revisão de um trabalho.
Depois dessa época, continuámos a encontrar-nos regularmente, mesmo que não falássemos muito um com o outro. Não éramos amigos do peito, mas gostava do Mesquita. Era um tipo impecável, inteligente, culto, sábio, bem disposto e com quem valia a pena falar.

Estar com o João Mesquita e falar de trabalho era, no entanto, constrangedor. Ele nunca se queixava, nem passava os dias a lamentar-se da vida e da profissão, mas era difícil ignorarmos a realidade. Óptimo e experiente jornalista, com tudo e mais alguma coisa para ensinar, o Mesquita continuava ano após ano desempregado. E todos sabíamos (incluindo o próprio) que dificilmente voltaria ao seu ´habitat` natural - uma redacção.
O seu longo ´testamento` de vida está publicado na internet (aqui), foi feito há dois anos num projecto de investigação académica sobre o "Perfil Sociológico do Jornalista Português" e vale a pena ser lido com muita atenção: no meio de uma análise serena e certeira do jornalismo português (concordo com praticamente tudo), vai-se contando uma parte da sua própria história:

«João Mesquita é também exemplo do jornalista qualificado e experiente que as redacções portuguesas menosprezam. Aos 49 anos e meio, à data da entrevista, carrega mais de três anos de desemprego e, como admite, vê poucas possibilidades de voltar a uma redacção».
«Outubro de 2003. João Mesquita fica desempregado mais uma vez. Três anos e meio depois, à data desta entrevista, em Janeiro de 2007, mantém-se desempregado. Já se esgotou o período do subsídio de desemprego e está a viver do subsídio social, 300 e poucos euros por mês, e de uma ou outra colaboração, “cada vez menos e pior pagas”».


Ironia das ironias, o Mesquita morre (sem emprego, com as tais "colaborações") e recebe inúmeros, rasgados e merecidos (mas certamente tardios) elogios: muitos amigos e admiradores sinceros; directores de jornais de referência (aqui e aqui); um voto de pesar aprovado por unanimidade na Assembleia da República (aqui); e o elogio do ministro dos Assuntos Parlamentares, com a pasta da comunicação social (aqui).
Alguns dos adjectivos usados pelas ilustres figuras: "íntegro", "rigoroso", "competente", "frontal", "bom e sólido jornalista", "um dos homens mais sérios" e de “carácter” que "nunca fez mal a ninguém", cujo exemplo deve “perdurar e inspirar os colegas”. Por tudo isto o João Mesquita era e é um símbolo? Sim!, mas não só: o Mesquita é a imagem do estado do jornalismo português.
Obrigado por tudo e por nos ajudares a colocar a questão: Vale a pena ser uma excelente pessoa e um bom jornalista?

quinta-feira, março 12, 2009

Líderes: uma questão de volume e quantidade

Parece que é líder ou chefe quem fala mais e mais alto, mesmo que não tenha tendência para ter razão. Verdade a partir de agora científica (aqui).

domingo, março 01, 2009

Branco

Quando apanhar frio e cair insistentemente no chão vale bem a pena.

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